A MENINA DOS BRINCOS DE OURO
U’ a mãe, que era muito severa para os filhos, fez
presente a sua filhinha de uns brincos de ouro. Quando a menina ia à fonte
buscar água e tomar banho, costumava tirar os brincos e botá-los em cima de uma
pedra.
Um dia ela foi à fonte, tomou banho, encheu a cabaça e
voltou para casa, esquecendo se dos brincos. Chegando lá,encontrou um velho
muito feio que a agarrou,botou nas costas e levou consigo. O velho pegou a
menina, meteu dentro de um surrão, coseu o surrão e disse à menina que ia sair
com ela de porta em porta para ganhar a vida e que, quando ele ordenasse,ela
cantasse dentro do surrão senão ele bateria com o bordão. Em todo o lugar que chegava,
botava o surrão no chão e dizia:
Canta, canta meu surrão,
Senão te meto este bordão.
E o surrão cantava:
Neste surrão me meteram
Neste surrão hei de morrer,
Por causa de uns brincos d’ouro
Que na fonte eu deixei.
Todo mundo ficava admirado e dava dinheiro ao velho.
Quando foi um dia, ele chegou à casa da mãe da menina que reconheceu logo a voz
da filha. Então convidaram o velho para comer e beber e, como já era tarde,
instaram muito com ele para dormir. De noite, como ele tinha bebido demais,
ferro num sono muito pesado. As moças foram, abriram surrão e tiraram a menina,
encheram o surrão de excrementos.
No dia seguinte ,o velho acordou,pegou no surrão, botou
as costas e foi-se embora. Adiante em uma casa, perguntou se queriam ouvir um
surrão cantar. Botou o surrão no chão e disse:
Canta, canta meu surrão
Senão te meto este bordão.
Nada. O surrão calado. Repetiu ainda. Nada. Então o velho
meteu o cacete no surrão que se arrebentou todo e mostrou a peça que as moças tinham
pregado no velho, o qual ficou possesso.
Nina Rodrigues ‘‘Os Africanos no Brasil”,São
Paulo,1993,p.286.
Livro Contos Tradicionais do Brasil
Ano: 2004
Edição: 13º São Paulo
Editora: Global
Páginas: 135 e 136
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